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Mapa e OMSA discutem impactos do clima na saúde animal na AgriZone

Debate destaca necessidade de fortalecer serviços veterinários para proteger rebanhos, sustento de produtores e segurança alimentar diante de eventos climáticos mais extremos

18/11/25

Os efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde animal e a produção pecuária foram tema central do painel realizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), nesta segunda-feira (17), na AgriZone, espaço dedicado a soluções sustentáveis para a agricultura durante a COP 30, em Belém (PA). O encontro discutiu como construir sistemas de saúde animal mais preparados para um cenário marcado por secas prolongadas, enchentes, ondas de calor e outras alterações rápidas que afetam diretamente os rebanhos e o sustento de milhares de famílias.

A sessão partiu da compreensão de que esses fenômenos climáticos podem alterar a presença e o comportamento de enfermidades em animais, exigindo novas estratégias de vigilância e resposta. De acordo com os organizadores, o objetivo é fortalecer os serviços veterinários, ampliar a cooperação técnica entre países e proteger a produção de alimentos em um contexto de mudanças que já não são apenas previsíveis, mas cada vez mais presentes no cotidiano da agropecuária.

O diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa, Marcelo Mota, ressaltou que o Brasil e outros países precisam atualizar protocolos e estruturas de defesa agropecuária. Durante o painel, ele destacou que o clima extremo impõe desafios inéditos à saúde dos animais e ao trabalho dos serviços veterinários. “As mudanças climáticas têm impactado os sistemas de atenção veterinária. Os serviços veterinários oficiais vão ter que mudar o seu paradigma na questão de circulação das doenças em animais, considerando as alterações do clima, as ondas de calor e de frio extremo e os eventos severos que têm acontecido”.

Mota destacou que os efeitos climáticos já são perceptíveis no campo e interferem diretamente na capacidade de prevenção de doenças. Segundo Mota, “esses eventos têm colocado mais pressão nos serviços veterinários porque conseguem afetar, de alguma forma, a saúde dos animais”.

O diretor detalhou ainda que o Brasil tem avançado na modernização de seus instrumentos de avaliação e vigilância sanitária e ressaltou o valor da participação de diferentes instituições na construção de soluções. “Tivemos aqui representação da Confederação Nacional de Agricultura, da Embrapa, da Academia, da Universidade de São Paulo e do Insper, que puderam discutir um pouco das contribuições brasileiras nesse sentido, de como estamos melhorando o nosso sistema de avaliação veterinária para fazer frente a essas situações”.

Segundo ele, o painel faz parte de um processo de preparação para aprofundar o tema na Blue Zone da COP 30. “Isso tudo é uma preparação maior para a discussão que a gente vai ter na quinta-feira (20) na Blue Zone, onde a gente espera uma representação de alto nível do Ministério da Agricultura, da Organização Mundial de Saúde Animal, do Conselho de Veterinária e da Confederação Nacional de Agricultura para a gente trazer mais elementos práticos dessa contribuição”.

A diretora-geral da OMSA, Emmanuelle Soubeyran, conduziu a sessão e reforçou que a saúde dos animais, das pessoas e do meio ambiente está interligada, conceito reconhecido internacionalmente como Saúde Única (One Health). Esse alinhamento também aparece na nota conceitual do evento, que aponta que eventos extremos, como enchentes, secas e ondas de calor, podem alterar a dinâmica de doenças, comprometer a oferta de alimentos e afetar meios de vida em diversas regiões do mundo, especialmente naquelas dependentes da pecuária.

O painel contou com a contribuição de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), do Insper e da Embrapa, além de representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará. As instituições apresentaram experiências brasileiras de vigilância epidemiológica, prevenção de doenças e adaptação sanitária em rebanhos expostos a eventos climáticos extremos, contribuindo com análises técnicas e exemplos práticos que ajudam a orientar a construção de sistemas de saúde animal mais preparados para os desafios impostos pelo aquecimento global.

A discussão segue nesta quinta-feira (20), na Blue Zone, onde representantes do Mapa, organismos internacionais e entidades do setor produtivo devem apresentar caminhos conjuntos para integrar a saúde animal às estratégias internacionais de adaptação climática. O trabalho também se conecta às agendas sobre produção pecuária de baixa emissão, bem-estar animal, inovação em vigilância sanitária e fortalecimento de políticas e financiamentos que apoiem sistemas produtivos mais resilientes.


FONTE: Governo Federal - Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA)


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