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“Emergência sanitária é como uma guerra: precisamos de munição e armamento”, diz Guilherme Marques

19/09/25

texto: Thais D'Avila

É brasileiro o gerente do Banco Regional de Antígenos da Febre Aftosa (Banvaco). Trata-se do médico veterinário Guilherme Marques, da área técnica do Panaftosa. Após a inauguração do Banvaco no final de agosto, Marques tem atuado na estruturação do Banco, que ficou em discussão por doze anos, e, nos últimos três, teve funcionamento provisório. São membros fundadores do Banvaco o Paraguai e o Equador, e o Brasil foi incluído como membro diretivo. Outros cinco países que integraram o banco provisório estão convidados para ingressar na iniciativa. Conforme Marques, a expectativa é de que um grande número de países de todo o continente americano façam parte do Banvaco.

Administrado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), por meio do Panaftosa, o banco não terá sede própria nem estrutura física, funciona como um interlocutor entre os países, os laboratórios e os fornecedores para articular medidas que contemplem não só o banco de antígenos e a fabricação emergencial de vacinas, mas também o treinamento e capacitação permanentes e aquisição de materiais como pistolas e outros meios de aplicação. Para Guilherme Marques, uma emergência sanitária é uma situação de guerra. “Em uma guerra temos que ter a munição - que é a vacina - , mas também o armamento. E o Banvaco vai cobrir essa lacuna toda de treinamento, capacitação, prevenção, compra de equipamentos.”

Para ingressar como fornecedor do Banvaco, os laboratórios precisam ser provedores de renome e capacidade técnica comprovada mundialmente. “Existe uma comissão de biossegurança e análise de risco do Banvaco que trabalha com todos os especialistas em febre aftosa da região. Esses laboratórios passarão por auditoria prévia e outras periódicas nas quais serão checadas sua capacidade de armazenamento de antígenos e capacidade de produção rápida - já que a vacina emergencial terá que ser produzida em cinco dias”, explica Marques.

Os contratos para armazenamento de antígenos serão previamente estabelecidos já que a quantidade necessária, bem como o sorotipo para uma eventual emergência têm base em diferentes cenários. No Brasil estima-se que seriam necessários de dois a três milhões de doses. Já na Bolívia, por exemplo, de 500 mil a um milhão. “A comissão de risco e biossegurança do Banvaco irá acompanhar a manutenção da qualidade e viabilidade dos antígenos, pois em tese eles não vencem, mas a cada cinco anos é preciso testar se ele continua viável para uma produção emergencial de vacinas”, destaca o gerente. A expectativa é que a partir de junho de 2026 já tenham as licitações a campo. O custo primário, que é a manutenção de antígeno, é pra sempre. Já o custo da produção de vacina é somente em caso de emergência. E essas vacinas, esclarece Marques, são diferentes das aplicadas em países que ainda usam a imunização com recorrência. “São doses com maior concentração antigênica e que não precisam de reaplicação. É uma proteção rápida por pouco tempo, pois você não vai continuar vacinando.”

O financiamento dos custos - fixo e variável - será feito pelos países-membros, não necessariamente pelos governos, podendo incluir parcerias público-privadas e fundos de sanidade animal. A necessidade de aporte será definida de acordo com o plano de trabalho que será decidido pelo grupo.

Para mais informações, acesse:
https://www.paho.org/pt/panaftosa/banvaco 

*a equipe de comunicação do Fundesa entrevistou o gerente do Banvaco, Guilherme Marques

Foto: Ana Peralta/Panaftosa


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